10/11 - epílogo


Bom, a vida é assim, tudo começa, dura e depois acaba, e então recomeça, fica mais um pouco e termina de novo. Só o calor, o trânsito e minha pança é que não acabam nunca. 
Sim, foi meio pegadinha, o nome do blog foi Até os Ovos nos Kosovos, numa rima que forçava horrivelmente a paroxítona, mas não teve Kosovo na viagem. Em parte porque não deu tempo e soluções logísticas, em parte porque o clima político lá ainda não é completamente pacificado, segundo os guias, em parte porque devia ser um lugar com ainda menos coisas pra fazer do que Montenegro ou Albânia. E também porque só pensei no nome alternativo deste blog, Até as Bolas nos Bálcãs, tarde demais.

Nesta viagem, fui pra alguns dos últimos países recônditos e distantes que não havia visitado ainda. Agora restam muito poucos. Dada esta experiência na ex-Iugoslávia, sinto-me já meio saciado, não sei se muito cheio de vontade de ir parar em lugares como Moldávia ou Bielorússia futuramente.
Restam ainda umas tantas cidades do interior da Inglaterra, França, Alemanha. E Africa do Sul e Japão, talvez Coréia. E claro, tem muito cu de mundo nos Estados Unidos que ainda não visitei.

Trago da viagem esta dorzinha chata em baixo ventre que preciso investigar. Pode ser um câncer de intestino, ou, melhor ainda, de próstata. Aí não vai ter um próximo blog de viagem, mas tudo bem, montinhos de cinza cremada não sentem falta de viajar nem de coisa alguma, nem mesmo de Ana Paula Arósio. Pode ser só uma diverticulose, que atesta de ainda mais um modo que estou ficando velho e que também neste recorte a vida daqui pra frente vai ser só cada vez mais ladeira abaixo. Mas com minha sorte, provavelmente deve ser só um tumor benigno mesmo, daqueles que não te matm nem te dão massa crítica pra se encorajar a encarar a derradeira viagem, mas crescem dentro de suas entranhas, justificam a pança crescente, se aderem às suas alças intestinais mas são tratáveis, desde que você tope passar por uma cirurgia enorme, perder um meio metro de intestino, passar uns seis meses cagando numa bolsinha de colostomia, como nosso duce Bolsonaro, e depois ainda permanecer vivo, meio aleijado, com dores constante por causa das aderências, ainda em condição para a próxima viagem mas tendo que procurar um banheiro a cada 15 minutos para evacuar as fezes continuamente liquefeitas que o tratamento te condenou a passar o resto de sua longa vida cagando.


É isso aí! 

Comentários

  1. Bligadu! Ah de ser nada... suas alças intestinais foram muito resistentes, olha só resistiram a mim! 😘👍

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