11/10 - Frankfurt
E, agora sim, Frankfurt.
Ainda na base do trem intermunicipal a preço escorchante e sem ninguém conferindo os bilhetes comprados. E faz calor demais pra quem tira férias nesta época do ano exatamente para correr atrás de um pouco de frio. Mas pelo menos já são dois dias sem chuva, coisa que, neste esquema de uma cidade por dia, pode injustamente selar a má reputação de um país inteiro, sem a chance de um dia seguinte ensolarado para redimi-lo.
Já havia passado por aqui numa outra década qualquer aí de minha vida, quando os mapas ainda eram de papel, os guias turísticos ainda eram tijolões desatualizados ocupando espaço e fazendo peso dentro da mochila, as noites eram muito tediosas pela falta do que fazer, já que dava pra trazer um livro de papel junto e olhe lá, e no orçamento só cabia pousar em dormitoriozão de albergue fuleiro e comer sanduba de supermercado, mas minha reclamonice a respeito dos preços das coisas já era a mesma. Fiquei pouco tempo, nem me lembro do que fiz por aqui, se algo fiz, e levei comigo a impressão de um lugar meio chato, ao lado de, também em outros carnavais, sei lá, Denver e Salt Lake City. Agora todos os lugares parecem menos sem graça, e genericamente menos sem graça, porque todos eles têm as mesma lojas, as mesmas cadeias de lanchonetes, passam os mesmos filmes nos mesmos cinemas caros, e no tablet cabe, levinho, tudo aquilo que a gente já está lendo e assistindo e jogando e estudando em casa mesmo.
Outra coisa que vai sendo massificada, imitada, globalizada e genericizada, é a walking tour gratuita. Começou como uma coisa bem profisional da Sandeman, mas parece que agora em qualquer cidade tem meia dúzia de curiosos dispostos a imitar a proposta. É mais amador mas continua gratuito. Walking tour genérico em uma cidade genérica. Hoje, em nosso caso, fomos levados por um rapaz alemão falando um inglês esforçado, mas ainda assim melhor do que o meu. Cioso de sua territorialidade, reinvindicou enfaticamente para um nativo de sua cidade a invenção do termo "techno" para aquele tipo de música daqueles lugares que, na minha longígua adolescência, se chamavam danceterias, e que teria surgido aqui e em Detroit. Ao mencionar que parece que o termo "tecnopop" já estava por aí desde a década de oitenta, percebo que o cara, óbvio apreciador de música, nem tem registro de nomes como Human League ou mesmo Depeche Mode. Estou velho, muito muito velho.
Restam mais infrequentes momentos de estranhamento, como no restaurante em que trazem aquela travessona de comida chinesa sem pratos individuais para os comensais, que precisam levar o garfo até a tijela lá no meio da mesa, e a taxa de gorjeta, obrigatória, é de 19%.
Mas, ah, há os donuts! Aqui tem donut de gente grande!
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