31/10 - Milano
Se lá em Escópia o walking tour foi aquela coisa solo, privativa, só nós e a inenarrável Afrodita a cobiçar o conteúdo de nossos bolsos, aqui em Milão tudo muda de figura, com um enorme e eclético exército de turistas a seguir Marco, nosso guia, um divertido showman, mais interessado em contar as fofocas de tempos milaneses passados e presentes do que em repetir aquela ladainha histórica chata de sempre. Também provavelmente portador de um TOC moderado, passou as três horas e vinte da caminhada catando os pedacinhos de papel jogados no chão pelo qual passávamos e levando-os ao lixo.
E hoje, finalmente, como uma crise de hemorróidas que tarda mas não falha, chegou a chuva. Não aquela coisa torrencial a ensopar nossas roupas e almas ou nos manter prisioneiros voluntários dentro de algum lugar com teto, mas suficiente para encher o saco, limitar a livre deambulação e tolher o direito de ir e vir, e, mais tarde, garantir que carros passando rápido pela rua aspergissem as nossas pernas com aquela aguinha acumulada nas poças e sarjetas. Um dia passado com o celular na não, procurando sinais de wi-fi e preenchendo inúmeros cadastros para um acesso à internet que acabava não se concretizando, para procurar por programações de cinemas inexistentes ou fechados, para fazer hora até às 18:30, a partir do que o acesso ao Castelo Sforzesco seria gratuito, uma hora antes de seu fechamento. Para então chegar lá e descobrir, no inglês tosco e indolente da tia, que na verdade aquela merda havia fechado às 17:30, e, basicamente, fodeu.
À noite, descobri um all-you-can-eat japonês que na verdade era nad mais do que nosso velho e bons rodízio, mas sem ter idéia do que chegaria à mesa, com um garçon algo abusivo, cuja prima tinha um marido vindo de Belém do Pará, capaz de dizer "obrigado", como virtualmente qualquer pessoa ao saber de nossa nacionalidade, e meio que tentando escolher ele mesmo quais variações de shushi chegariam à mesa.
No fim da brincadeira, escorchantes, estuprantes 53 euros na conta, e, de cortesia, uma garrafinha gelada de uns 200 ml de limoncello. Bebi o quanto aguentei daquilo, mas ainda não foi desta vez que alcancei o velho projeto de, se fosse para me embriagar de alguma coisa, que fosse de licor.
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