19/10 - Белград, Sarajevo

Ah, sim, e o sabonete líquido do hotel em Belgrado tinha cheiro de balas Juquinha de maçã verde.

Meu abdome continua dolorido, com uma massa cada vez mais localizada e dolorosa no hipocôndrio direito, ainda que com a dor abafada pelo diclofenaco. Mas estou dando à luz o cocô direitinho, e aquela febrinha passou. Outros diagnósticos diferenciais à divertculite são câncer de intestino ou metástase de câncer de próstata, mas quantas pessoas podem dizer que entraram na reta final de suas mortes em plenos Bálcãs?

Hoje, teve aquele rescaldinho do que restou pra conhecer de Belgrado depois da walking tour de ontem, com mais daquele charme de cidade soviética meio parada no tempo. Mas quando eu vejo panorama semelhante em São Paulo, acho um horror.

No almoço, pela primeira vez tentamos comer real comida típica local sentados em um restaurante, para minha completa decepção. Um pratão feito daqueles que servem lá no botecão perto da estação da Luz, e a gorjeta, já inclusa na conta, é de 20%!

À tarde, busão em direção a Sarajevo, com o devido momento de pânico naquela hora em que o motorista pegou o bilhete impresso, coçou a cabeça e fez aquela cara de "isso aí não tem a ver comigo". Mas depois de um tempo e uns dois punzinhos meus de pleno e silencioso desespero, acabou nos deixando embarcar.

Finalmente, dez da noite, chegamos a Sarajevo, que vista de passagem e no escuro parece bem surpreendentemente moderninha. O hotel, que nas fotos da internet, parecia ter a decoração de mais odioso mau gosto xumbrega imaginável, até se mostrou uma grata supresa, com meio que um apartamento no sótao inteirinho pros hóspedes, com quarto com duas camas de casal,
sala, cozinha, e banheiro com máquina de lavar roupas. Mas é no sótão, então pra conseguir tomar banho ou mesmo caminhar pelo local você precisa ser um smurf, ou ter de estatura física o que um eleitor do Bolsonaro tem de estatura moral.