29/10 - Istanbul
Oriente médio, Àfrica do norte, estas autocracias e teocracias muçulmanas sempre me assustaram. Consegui passar por Israel antes da segunda intifada e depois voltei a entrar em modo de cagaço até há uns anos, quando criei coragem para vir para a Turquia, que me surpreendeu positivamente, com, a par daquela mentalidade ishperta de comerciante árabe e da dificuldade dos locais com o inglês, acabou me deixando uma impressão geral de segurança e tolerância. Mais do que qualquer outro lugar na viagem até aqui, Istambul é um caos, com o formigueiro humano em seu estado mais selvagemente superlativo, centenas de milhões de pessoas se esbarrando nas ruas pequenas, as portinhas de comerciozinho mambembe, com praticamente casa sim, casa não, sendo uma loja de doces ou um estabelecimento de câmbio de dinheiro. Mas mantém um charme que não consigo explicar, onde em outras tantas cidades vi apenas sujeira e precariedade, aqui vejo uma beleza que me deu até a improvável vontade de voltar.
Não sei se é comparação com outras outros lugares desta viagem, ou esforço inconsciente meu para tecer paralelos entre Erdogan e Bolsonaro, mas tenho a impressão de agora, uns anos depois, ver muito mais mulheres nas ruas uniformizadas para adorar Allah, com seus véus dos mais variados e abusivos tamanhos a lhes cobrir implacavelmente as bundas. Fico imaginando se não é isto que também nos aguarda, e se, para não tomar porrada da milícia na rua, não terei que andar de terninho e sapato de couro na rua, raspar a barba, corta o cabelo bem requinho temente a deus, e botar uma bíblia embaixo do braço. Basil acima de todos, deus acima de tudo!
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