14/10 - München
A vida surpreende a gente, e nem sempre é por vermos um protofascista inepto chegar ao poder aclamado por robusta maioria do rebanho reacionário em transe apoplético. Fiz hoje, o que estava totalmente fora do radar ou de cogitação! Minha melhor maratona. Bolsonaro vai bater o Haddad por uns 30 pontos. Eu bati a mim mesmo por um minutinho só, mas é significativo! 4:19! Meu recorde havia sido em Eindhoven, 4:20. É um tempinho de merda, mas a minha melhor merda até então. Num dia frio e chuvoso, cinco anos atrás. De lá pra cá, tem sido ladeira abaixo, havia feito minha última maratona em 4:50, e ficaria feliz se completasse esta em menos de cinco horas. Afinal, o dia prometia (e entregou) sol ardidíssimo, a pança não pára de crescer, e raras vezes na minha vida estive tão velho quanto estou hoje.
A maratona de Munique é pequenininha, pouco tradicional, passa por ruas menores, e, sinceramente, nem tão bonitas. Desde a saída a coisa é tranquila, sem aquela muvucona dos primeiros dois quilômetros. Toda a água oferecida vem de um puxadinho de torneira, que abastece uns baldões, nos quais as tias mergulham os copinhos, nem sempre usando luvas. Tinha banana, muita banana, e isotônicos sabor goiaba nojenta e barrinhas energéticas com dispensável sabor de coco. Na chegada do percurso ganhamos coisa bem melhor. Mas sempre tem as boas almas liberais, que adotam a iniciativa privada de oferecer por conta própria mimos aos corredores. Hoje, no caso, coca-cola quente e bolo verrücktschwarzefrau.
Uma maratona é uma oportunidade privilegiada para sentir na pele, e nas pernas, a dilatação bergsoniana do tempo vivenciado. No começo, os quilômetros se sucedem rápidos, e a gente quase sente pena porque parece que a coisa vai terminar muito rápido. No final, a mesmíssima distância parece interminável, cada novo quilômetro leva décadas para ser vencido, a tentação de dar aquela paradinha ou mandar pras picas e terminar andando mesmo vai ficando irresistível. Nos últimos 3 km, olhei pro relógio e me senti como a Dilma. Eu não tinha meta mas ia dar pra bater a meta e então dobrar a meta, ou pelo menos não dobrar a espinha dorsal, que é o que aconteceria se eu voasse longe com minha completa falta de pernas no meu sprint final. Hoje, nem mesmo meu intestino resolveu dar sinal de vida, o que ele sempre gosta de fazer nestas corridas pela manhã. Taí o resultado: 42 km, 4:19 horas, e sem pausa para o cocô!
Quem não achou tão divertida a brincadeira foi meu possante pisante, que, depois de uma única corrida, já dá sinais de desgaste...
Depois, à noite, jantar num buffet de comida asiática, a pornográficos 24 euros por cabeça, e com Kenny G comendo solto na vitrolinha. E tinha um simpático puteiro no meio do caminho. Será que Aderbal entrou, caros leitores?
🤔🤔🤔
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