25/10 - Скопjе


E eis que a viagem para Escópia, com uma dúzia de longuíssimas paradas para o motorista tomar alegremente um gorózinho com os outros passageiros, ainda assim nos deixou às 3 da madrugada na rodoviária da cidade, numa noite em que o frio, quando mais?, resolveu finalmente se apresentar em toda sua gélida imponência. Já sem medo de andar de madrugada pelas ruas desertas aqui do ocidente distante, marchamos para o hotel, onde o check-in era apenas às 2 da tarde. Este era hotel mesmo, e tinha o rapaz da recepção, mas como, visivelmente, ele próprio usava o sofá do pequeno aposento para dormir nas madrugadas em que uns brasileiros sem noção não baixam lá de repente, gentilmente deixou-nos ficar no jardim interno do hotel, aguardando sabia lá o que. Jardim externo. 5 graus centígrados. Pelo menos umas quatro horas lá naquele relento. Para depois simplesmente ainda sairmos para andar congelados pela cidade até darem as duas da tarde. Mas ao menos ganhamos um café da manhã a mais de presente, provavelmente para nos tirar lá da frente do rapaz.



À tarde, depois do check-in e do merecido banho, finalmente com aquela agradável sensação de estar usando um ânus que acabei de tirar da gaveta, fomos a mais uma infame walking tour. À qual apenas nós comparecemos. Caceta, e agora, como fazer para recusar uns trocados à pobre moça, de sugestivo nome Afrodita? Meio que já antecipando que sua caminhada terminaria em prejuízo, Afro, digo, Dita, abreviou o roteiro para coisa de uma hora. Estendi a ela então uma nota de 100 dinares, ou coisa de 1,5 euro. A cara de bunda, de aguda decepção engolida, aquele travo amargo de perda final de fé no ser humano, o momento em que algo se quebra dentro da alma da pessoa e nunca mais voltará a se regenerar, como uma tetraplegia espiritual que se instalou definitivamente ali naquele momento, passou o resto da noite me assombrando. Se era pra ser submetido a isto de qualquer maneira, bem dava para ter economizado os 100 dinares.



À noite, pra fechar o dia com cultura, um daqueles concertinhos híbridos com músicas de cinema em versão instrumental e bateria, mas aqui também com neguinho cantando junto. E a gente sentados a dois metros do alto-falante. O som fazia até meus globos oculares chacoalharem, e tive que entupir os ouvidos um com uma combinação de guardanapinho de papel sujo que havia guardado no bolso e cuspe. Razoavelmente eficaz, mas quase impossível de tirar lá de dentro sem um procedimento cirúrgico subsequente.


 



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